Ruínas

“Uma boa edificação sempre dará uma boa ruína.”
— Extraído do filme “Má sorte no sexo ou pornô acidental”

Quando essa frase surgiu em uma cena de um filme romeno, senti-me instigado a refletir sobre seu significado. Afinal, estamos acostumados a associar a beleza à plenitude: seja à estética em seu auge, seja ao mérito que celebramos como sucesso. Mas e as ruínas? O que está em decadência raramente nos encanta — pelo menos não na maior parte da cultura ocidental. Ruínas carregam consigo o peso do abandono, do descaso e da deterioração daquilo que um dia foi valorizado.

No entanto, na cultura oriental, especialmente na filosofia japonesa, encontramos o conceito de Wabi Sabi, que nos convida a enxergar beleza nas imperfeições e na impermanência. Essa visão não se aplica apenas ao mundo exterior, mas também a nós mesmos, como um exercício de aceitação e autoconhecimento.
Inspirado por essa ideia, passei a aplicar o Wabi Sabi ao meu olhar fotográfico, capturando momentos que revelam a impermanência das coisas. Minha proposta é convidar o público a explorar escombros e entulhos, buscando o que faz sentido para cada um — seja na cena fotografada, seja refletindo sobre suas próprias vidas. É uma maneira de abrir espaço para dialogar sobre a impermanência, algo que, embora nos assuste, também nos lembra da beleza que pode existir mesmo no que consideramos “feio” ou em decadência.

Este projeto é um convite para dialogar, através da imagem, sobre a ruína e a decadência. Ao capturar o que o tempo desgasta e transforma, buscamos revelar a beleza que persiste mesmo na deterioração. As fotografias não são apenas registros do que está em decomposição, mas reflexões sobre a impermanência e a resiliência da vida.

Ao explorar escombros, vestígios e cicatrizes do tempo, propomos um olhar que vai além do superficial, encontrando poesia e significado naquilo que muitos consideram perdido. É uma celebração do efêmero, uma maneira de confrontar nosso medo da impermanência e, talvez, redescobrir a beleza que existe mesmo no que está à margem.