Por meio de uma grafia própria, o ensaio fotográfico Vestígios de Emanoel Celestino, apresenta fragmentos de uma cidade contemporânea, alienante e polifônica.
A cidade é o lugar do olhar do artista que, como um observador incógnito, solitário e à distância, recolhe pedaços do espaço urbano. Emanoel parece compreender a vida dentro de sua desordem básica e, ao mesmo tempo, em harmonia com a realidade do cotidiano deste milênio.
No labirinto de imagens, encontradas ao acaso, o sujeito parece não ter importância. O imaginário urbano é construído através de cenas imóveis e silenciosas. Como um documento, os objetos recolhidos pela objetiva do fotógrafo são colocados à nossa apreciação podendo ser lidos de diferentes formas. As fotografias se comportam como naturezas mortas achadas nas metrópoles da era da sociedade industrial.
A relação passiva do artista através de seu vocabulário de imagens cria uma narrativa visual colocando para o espectador uma cidade sem disfarces. Uma cidade complexa por onde seu olhar atravessa sem rumo, criando imagens que reclamam a completude por parte do observador.
Texto de Marly Porto