Ele veio do português com o índio e, até hoje, cuida do gado no Sertão Nordestino. Dono da fazenda ou empregado, o vaqueiro está sempre montado em seu cavalo verificando as pastagens, as cercas e levando o gado para se alimentar. Para realizar o seu trabalho, se veste com uma indumentária própria, única, feita de couro: chapéu, gibão, guarda-peito, luvas, perneiras e botas; tudo para se proteger do sol, dos galhos e dos espinhos da caatinga.
O auge da cultura do vaqueiro é, sem dúvida, a celebração da tradicional Missa do Vaqueiro, realizada no Sertão de Pernambuco, criada em memória a Raimundo Jacó, o mais afamado vaqueiro da região, assassinado cruelmente durante uma pega de boi na caatinga, cujo primo, o cantor Luiz Gonzaga, o homenageou através da famosa canção “A Morte do Vaqueiro”.
Ao participar apenas para conhecer e registrar o evento, chamaram a minha atenção a motivação, o envolvimento e o engajamento dos moradores da cidade e região, nesse popular encontro de vaqueiros que acontece todo mês de julho, há mais de cinquenta anos, na cidade de Serrita, Pernambuco, por isso, considerada “A Capital do Vaqueiro”.
Diante desse contexto, nasceu a vontade de apresentar à sociedade, como parte integrante do projeto “Sertão Imponente”, não a festa em si, pois a mídia se encarrega disso todos os anos, mas como essa identidade cultural, criada e mantida ao longo de décadas, se manifesta no dia a dia da comunidade e o que a faz passar de geração em geração.
Durante quase dois anos no desenvolvimento do tema, foram percorridos milhares de quilômetros entre Recife e o Sertão de Pernambuco, sobretudo, nos deslocamentos pela caatinga, em dezenas de comunidades, sítios e fazendas da zona rural, buscando conhecer, conviver, registrar o ambiente e os principais momentos que cercam o cotidiano do vaqueiro.