A Feira Hippie, a maior feira ao ar livre da América Latina e uma das mais emblemáticas feiras de rua do Brasil, possui uma história rica que abrange décadas de transformações e desafios. Inicialmente focada no artesanato nas décadas de 1960 e 1970, a feira evoluiu para incluir produtos industrializados e importados a partir dos anos 1980. Essas mudanças diversificaram sua oferta, mas também afastaram a feira de suas raízes artesanais originais. Além disso, a feira mudou de local várias vezes: da Praça Cívica para a Avenida Goiás e, finalmente, para a Praça do Trabalhador nos anos 1990. No entanto, essas mudanças não resolveram os problemas territoriais enfrentados pela feira, que continuou a crescer desordenadamente.
Hoje, na Feira Hippie, o cenário mudou. O aroma de incenso e o colorido das artesanias cederam espaço para roupas, calçados, praça de alimentação e outros produtos. Entretanto, uma coisa permanece inalterada: a essência das pessoas, suas lutas e suas histórias de sobrevivência.
Em meio às barracas repletas de roupas da moda, tênis descolados e produtos diversos, conheci o senhor Crispim da Mata de 62 anos, uma figura ilustre, alegre e de um carisma contagiante. Crispim trabalha com diversos acessórios, como cintos, chapéus, muladeiras e bonés, há muitos anos na Feira Hippie de Goiânia, aos sábados e domingos. Ele monta muladeiras, troca fivelas dos cintos dos clientes e confecciona cintos manualmente, com muito amor, alegria e capricho. Para ele, não existe tempo ruim.
A dedicação de Crispim reflete a verdadeira alma da feira: a perseverança e a paixão dos trabalhadores que, dia após dia, enfrentam os desafios com um sorriso no rosto e um coração cheio de esperança.