Resgatar a simbiose e a coexistência ética e sustentável entre humanos e animais é uma tarefa urgente diante da degradação da natureza com o avanço da indústria agropecuária, que contribui para acelerar as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade.
O Ensaio Sanctuaria, da fotógrafa espanhola Ana Palacios, finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025, retrata santuários animais, espaços de acolhimento e símbolos de uma nova relação entre humanos e animais. Sua abordagem prima pelo cromatismo sutil, que cria uma atmosfera de harmonia silenciosa e terna.
Uma viagem à Índia em 2010 marcou uma virada na vida de Ana Palacios, sendo decisiva para sua migração profissional de produtora cinematográfica para fotógrafa documental. Desde 2015, ela atua plenamente em seus projetos autorais, que são dedicados a expor injustiças, mas também iluminar possibilidades de mudança.
Confira mais detalhes na entrevista abaixo.



Quantos anos tem? Onde vive e trabalha atualmente?
Tenho 52 anos, vivo na Espanha e trabalho como fotógrafa documental em projetos ao redor do mundo.
Conte um pouco da sua trajetória pessoal na fotografia. Quando começou a fotografar e por que?
A fotografia sempre foi minha segunda paixão, mas durante 17 anos trabalhei com produção cinematográfica em filmes de Hollywood rodados na Espanha. Em 2010, uma viagem à Índia para documentar o trabalho humanitário das Irmãs de Santa Ana mudou tudo. Ver como minhas fotos inspiraram outras pessoas a agir me mostrou o poder da imagem para gerar mudanças. Em 2015, decidi migrar definitivamente para a fotografia documental, focando em direitos humanos, meio ambiente e bem-estar animal.
Qual papel tem a fotografia em sua vida?
Ela é minha ferramenta para entender o mundo. Documento histórias de comunidades marginalizadas e crises ignoradas — sempre com rigor e empatia. A fotografia me permite ser testemunha, intérprete e, às vezes, um agente de transformação.



Conte um pouco sobre seu trabalho finalista do Prêmio Portfólio FotoDoc 2025. Quando e onde foi realizado? Qual a proposta? De que maneira e em que medida ele se encaixa em sua produção fotográfica?
Sanctuaria retrata santuários animais como espaços de acolhimento, mas também como símbolos de uma nova relação entre humanos e animais. Esses lugares não só resgatam seres vivos, mas desafiam a indústria pecuária — um dos maiores vetores de mudanças climáticas e perda de biodiversidade — propondo consumo ético e sustentabilidade. Com uma abordagem documental, busco provocar reflexões sobre nossa coexistência com animais e destacar alternativas viáveis dentro de debates éticos e ambientais.
É uma série em andamento, iniciada em 2021. Minha carreira sempre focou em dar voz a histórias sub-representadas, com jornalismo profundo e construtivo. Esse projeto se encaixa perfeitamente: denuncia problemas estruturais, mas também aponta caminhos possíveis.
Em quais projetos trabalha atualmente? Quais seus planos para o futuro próximo em termos de produção fotográfica?
Estou envolvida em vários projetos de longo prazo: documentei doenças tropicais negligenciadas em áreas rurais da Zâmbia, acompanho a vida diária de Teresa, uma mulher espanhola com uma doença neurodegenerativa, e continuo expandindo Sanctuaria para um livro e exposição em 2026. Minha missão segue a mesma: expor injustiças, mas também iluminar possibilidades de mudança.
