Na noite da Quinta-feira Santa ocorre na cidade de Oeiras (PI) a tradicional Procissão do Fogaréu. Guiados pelo som da matraca, e seguindo uma cruz que representa Jesus Cristo, milhares de homens percorrem as ruas do centro histórico da primeira capital do estado com lamparinas em punho para iluminar o caminho. Na procissão, esses homens representam os soldados romanos, com suas tochas, à procura de Jesus para prendê-lo. No contexto, a cena ganha novo significado. Os homens agora procuram Jesus para segui-lo.
As lamparinas acesas criam um visual de extrema beleza ao iluminar as ruas escuras. Essas velas, como também são chamadas, são uma parte fundamental dessa tradição na cidade. Alimentadas por óleo diesel ou querosene, originalmente eram feitas de alumínio, semelhantes àquelas que iluminavam as casas do sertão nordestino em outros tempos. Com a chegada da luz elétrica, começou-se a aproveitar as lâmpadas descartadas da iluminação pública para a fabricação das lamparinas, e elas passaram a ter um visual único: o bulbo é o reservatório de combustível, com um pavio de algodão saindo pelo bocal e uma armação de metal que fixa a lâmpada a uma vareta de madeira (hoje, com um uso cada vez maior de leds na iluminação pública, outros materiais, como garrafas pets, começaram a ser usados nessa fabricação).
Esse ensaio tem o objetivo de registrar essa tradição, mas não apenas a procissão. O foco principal está nas pessoas que a mantém viva, fabricando, vendendo as lamparinas e participando da procissão.