“Tô desmontando os pianos e lembrei de ti, nossa, isso é muito pesado. Muito, muito, muito… Isto parece uma autópsia.” Foram estas as palavras do Rodrigo em uma mensagem no Instagram. Conheci Rodrigo na enchente de setembro de 2023. Em maio deste ano, nos reencontramos. Ele, dessa vez, limpando a casa, agora atingida.
Ao entrar na casa que abrigava as memórias da Casa do Peixe, senti um misto de nostalgia e dor. O segundo andar, outrora cheio de vida e histórias, era agora um amontoado de objetos marcados pela lama da tragédia. São esses objetos que ajudam a moldar a identidade, a formar quem somos.
Desde setembro, venho fotografando a transformação da nossa realidade, a memória que resiste, a essência do que somos para além da perda. Cada imagem é uma tentativa de eternizar histórias que, de outra forma, seriam esquecidas. As fotografias não são apenas registros visuais, mas também um testemunho de resiliência e transformação.
Conto, através das lentes, memórias em transformação.