Este trabalho é o resultado de viagens e expedições realizadas às zonas frias do planeta – principalmente a Antártica – que tiveram como objetivo documentar visualmente o aceleramento do degelo no mundo. Lugares como Islândia, Terra do Fogo, Patagônia, Andes e Himalaia também foram fotografados. As consequências já bateram a nossa porta. Precisamos acordar enquanto humanidade.
O que me atraiu ao reino do gelo, antes mesmo do termo Antropoceno (produto cultural da Antártica) tornar-se popular, é a relação milenar que a humanidade tem com as paisagens geladas da Terra, ou seja, a Criosfera. Ao migrarmos para latitudes mais altas, há 200 mil anos, fomos obrigados a nos adaptar à ambientes de clima polar. Já íntimos do fogo, expandimos ainda mais nosso cérebro ao encontrarmos formas de viver em equilíbrio com a dinâmica do gelo. Registros arqueológicos da presença humana no Ártico datam de 40 mil anos. Glaciologistas, por meio da medição de isótopos no gelo, obtém informações que chegam há 800 mil anos.
O gelo é a memória do tempo do nosso planeta. Este ensaio é um manifesto pela existência do gelo no planeta Terra. Afinal, como poderemos habitar um planeta sem gelo?